Anais do IV Encontro Regional Norte de História da Mídia – Palmas/TO – UFT – 2020

Da TV Aberta à TV Paga – O caminho percorrido pela programação infantil no Brasil

O presente resumo tem como objetivo fazer um breve histórico do caminho percorrido pela programação infantil desde sua primeira exibição na TV Aberta até sua completa migração para a TV paga no Brasil. A hipótese principal se baseia na percepção de que a oferta de programação ao público infantil se tornou segmentada ao ponto de ter canais dedicado a diferentes faixas etárias dentro da TV paga, fato que reforçou a migração da programação infantil da TV aberta para a TV paga, deixando o conteúdo para crianças limitado à programação exibida na TV Brasil. A pesquisa foi feita a partir de um levantamento bibliográfico e documental dos dados apresentados pela ANCINE e Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual.

Kécia Garcia Ferreira


A trajetória do Telejornalismo no Tocantins: um olhar sobre o percurso histórico

O artigo ressalta a importância de estudar a trajetória do telejornalismo brasileiro destacando a chegada e o avanço da televisão no Tocantins, o Estado mais novo do país. A influência política para a instalação de emissoras no Estado criado no fim da década de 1980 e os desafios tecnológicos impostos pela distância dos grandes centros. O espelho da realidade à época, com a cessão de áreas para que torres de transmissão fossem erguidas e a permuta de incentivos por comerciais televisivos. O estudo aborda a história das mídias audiovisuais com destaque à expansão das emissoras da TV Anhanguera, afiliada da TV Globo, formas de produção de conteúdo, consumo de notícias, além de resgatar a narrativa da linguagem e, espera-se com isso, contribuir com as pesquisas relacionadas ao telejornalismo regional e ao ensino do jornalismo.

Adriano N. da. Fonseca


Publicidade e Identidade: a representação da cultura paraense no vídeo-propaganda “Pará te encantar”

Em 2017, a Secretaria de Comunicação e a Secretaria de Turismo do Estado do Pará lançaram uma campanha publicitária denominada “Pará te encantar”. Ao assistir ao vídeo-propaganda, percebe-se a intenção principal de atrair turistas externos, porém, ao mesmo tempo, o vídeo- propaganda acaba também suscitando a curiosidade dos paraenses em conhecer melhor a diversidade do seu próprio estado. No comercial ocorre a reprodução de imagens que representariam aquilo que seria a cultura do Pará e o que seria “ser paraense”. Este artigo representa as primeiras impressões de uma pesquisa de mestrado em andamento, com o apoio da CAPES. A intenção é promover a reflexão a respeito da construção da representação da identidade cultural do paraense no comercial publicitário, e sobre a existência de elementos que sirvam também como fomento para estereótipos culturais. Serão analisados os elementos linguísticos e iconográficos, buscando conhecer as possibilidades de interpretação e a construção de sentidos e discursos presentes no vídeo-propaganda analisado.

Kleyse Costa Vaz Santana Prado
Luiz LZ Cezar Silva dos Santos


O cinema de fluxo e a ficção científica: reimaginando a experiência do tempo em novo regime de historicidade1

Este trabalho relaciona filmes contemporâneos de ficção científica à estética do fluxo, os quais aderem a um estilo que prioriza o fluxo de sensações de imagem e som mais do que a narrativa. Em Under the Skin (2014), uma alienígena “veste” um corpo humano feminino para seduzir homens e devorá-los numa dimensão sombria, dissociada do tempo e do espaço. As cenas nesse espaço contrapõem-se às demais, menos dramáticas e mais realistas. A fotografia saturada de High Life (2018), com planos longos, associa- se a uma narrativa rarefeita, focando na dimensão sensorial. As cores também são marcantes em Annihilation (2018). Esses filmes aderem ao “cinema de fluxo”, estilo de realismo cinematográfico dos anos 2000 que surge de um novo regime de historicidade, caracterizado pela aceleração e alargamento do presente, e de novas abordagens das ciências humanas, mais preocupadas com a vida cotidiana e o mundo ordinário. Em sua relação com o realismo tradicional e o gênero da ficção científica, esse realismo é marcado pela atmosfera de desdramatização e rarefação, sem personagens definidos. Tais filmes propõem futuros especulativos, resultado de esforços para reimaginar e redefinir a experiência contemporânea do tempo.

Lúcio Reis Filho
Marília Xavier de Lima


O New games journalism no Youtube: A atualização de uma maneira de fazer jornalismo de games no canal Nautilus1

O jornalismo voltado para os games iniciou no meio impresso e passou por mudanças ao longo dos anos com a chegada da internet. Buscando uma maneira diferenciada de escrever e analisar os jogos eletrônicos, no ano de 2004 o jornalista britânico Kieron Gillen cunhou o manifesto chamado New games journalism em que tentava se afastar do modelo engessado utilizado até então na imprensa tradicional de jogos. No Brasil, este jornalismo especializado enfrentou a queda do mercado tradicional de revistas e jornais, mas encontrou na plataforma de vídeos Youtube um meio cada vez maior de apelo a seu público com canais que tratam o assunto de maneiras diferenciadas. E assim foi justamente nesta plataforma que mais 10 anos depois o manifesto de Gillen ainda se encontra vivo. Através da análise de conteúdo, este artigo busca mostrar como o canal Nautilus acaba por se utilizar da premissa principal do new games journalism modernizando a maneira tradicional de abordar os jogos eletrônicos através da linguagem audiovisual presente na internet.

Marcos Martins


Aos olhos de judas: fotografia e memória na Amazônia

A pretensão em nosso trabalho se traduz no entendimento da capacidade que a imagem possui sobre nossos sentidos. Entendemos que a imagem apresenta a si mesma e representa o fato, o tempo histórico. Nos propomos a criar, com base na semiótica peirceana, um método de análise/ interpretação das imagens. Mostramos a necessidade em se conhecer onde e quando a imagem foi produzida e consequentemente o objeto, sujeito e ou evento representado. Caso contrário o método criado evidencia a crença nos elementos empáticos expostos entre as margens indiscretas de quadros, fotografias ou telas. Nosso método exibe a verossimilhança, impregnada na imagem – seja benção ou maldição – como signo contrastante com o tempo histórico. Desde 1826 o tempo e a história adentram no consciente ocidental de uma maneira que nunca entraram, antes do inconsciente. Por tanto, nosso objetivo, com o método a ser apresentado, é expor o que foi renegado, intencionalmente ou não, e destinado ao inconsútil disfarce do ideológico. E assim provar o confinamento do sujeito contemplador da imagem a incapacidade interpretativa. Ou seja, quem contempla carrega o fardo de testemunhar na imagem a crença de ser a experiencia de um tempo e lugar.

Maurício Zouein


Comunicação pública no Twitter: uma análise dos perfis dos Tribunais Regionais Eleitorais do norte

O artigo inicia com uma discussão teórica sobre os conceitos de “comunicação pública” e “mídias e redes sociais digitais”, ambos em processo de construção. Acredita-se que o surgimento e popularização dessas ferramentas podem fomentar práticas comunicativas; aumentar a interação entre órgãos públicos e cidadãos, entre Estado e sociedade. A parte empírica consiste em uma análise quali-quantitativa dos perfis dos Tribunais Regionais Eleitorais do norte do Brasil no Twitter. São realizadas visitas aos perfis dos tribunais, a fim de coletar dados como data de criação, seguidores, seguindo e quantidade de tweets. Também é realizada a coleta de tweets das contas, que são classificados entre tweet, reply e retweet. As análises demonstram que os perfis não são, em geral, utilizados como ferramenta de conversação ou interação, mas apenas divulgação de informação. Considera-se que os recursos disponibilizados e o potencial da ferramenta não é plenamente explorado pelos órgãos.

Maurílio Luiz Hoffmann da Silva


VAI TER PAI COM VAGINA SIM! : DA (TRANS)PARENTALIDADE À TRANSFOBIA NA REPRESENTAÇÃO MASCULINA DE THAMMY MIRANDA EM UMA PROPAGANDA DE DIA DOS PAIS

Ultimamente, o Brasil tem vivenciado um notório aumento no número de famílias compostas por pais LGBTQI+. Essas famílias são estigmatizadas pela sociedade, muitas vezes preconceituosa e heteronormativa, demonstrando uma grande necessidade de mudança de pensamentos e convicções sociais. Tomamos por base o anúncio na mídia digital da campanha de Dia dos Pais “#meupaipresente”, em julho, pela empresa de cosméticos Natura, tendo como uma das estrelas o empresário Thammy Miranda, um pai transgênero. A propaganda movimentou as redes sociais e provocou as mais diversas reações na mídia, desde apoio até comentários transfóbicos e pedidos de boicote à marca pela não concordância em Thammy representar a figura paterna, utilizando-se majoritariamente da questão biológica como argumento. Considerando que os conteúdos simbólicos são úteis para as transformações sociais, historicizando as questões atuais, desnaturalizando o preconceito e afastando a discriminação (Spink e Medrado, 2004) e que o gênero é uma construção social e não biológica (Butler, 1991), as conclusões deste artigo apontam que a existência de diversos núcleos familiares, inclusive com transgêneros – ou (trans)parentais – são uma realidade no Brasil, devendo ser representados e legitimados, inclusive midiaticamente, sem tomar por base estereótipos e preconceitos.

Raphaella Freitas Petkovic de Carvalho Pereira


Narrar a violência de Estado: em torno do trabalho político de documentários1

A presente proposta busca compreender os agenciamentos narrativos realizados por documentários de dois momentos diferentes da história brasileira a fim de elucidar o tipo de ação política que operam. Debruçamo-nos sobre: Você também pode dar um presunto legal (Sérgio Muniz, 1973), que trata de assassinatos e práticas de tortura cometidos por policiais e militares no início da década 1970, especialmente com a formação e atuação de esquadrões da morte em São Paulo e no Rio durante esse período da ditadura cívico- militar; e Notícias de uma tragédia racial subnotificada (Reaja ou Será Mortx, 2017), produzido por coletivo do movimento negro de Salvador/BA, que aborda a ocorrência de chacinas na periferia e a disputa de sentidos entre vítimas/familiares, mídias jornalísticas e poder estatal. Diante dos documentários, fazemos um cotejamento entre os sentidos de violência ali inscritos e a caracterização que ambas as obras fazem da ação do Estado em seus respectivos contextos. Propomos também uma leitura em torno do tipo de militância em que cada documentário se implica. Dessa forma, os dois eixos a serem percorridos dão conta: a) das facetas de uma política da morte tutelada pelo Estado, conforme destacadas nos audiovisuais e na historicidade de suas interfaces; b) de sua pertinência a um universo de produção de imagens militantes que atuam na reconfiguração de visibilidade pública por meio de articulações estético-políticas.

Sergio do Espirito Santo Ferreira Júnior


Igualdade na diferença: representações da identidade nos documentários “Limitado, eu?” e a “Intolerância que mata” da TV ALE-RR

O presente trabalho busca analisar a TV Assembleia Legislativa de Roraima (TV institucional de caráter público) nas suas produções de sentidos. Para isso, observa-se a construção dos discursos de cidadania e de identidade política inclusiva para além da tela da TV, por meio dos documentários “Limitado, eu?” e “A intolerância que mata”, produzidos pelo jornalista Rubens Medeiros, em 2018. Os aportes teórico-metodológicos utilizados tratam sobre Estudos Culturais (recepção, identidade, cultura) e pós-coloniais, meios de comunicação de massa. Até o momento constatou-se que a construção identitária é resultado das práticas sociais no processo comunicacional, em que os significados são instituídos pela sociedade, como uma visão de si mesma.

Sonia Lucia Nunes Pinto


O Amazonas da borracha: um interpretação histórica da estruturas discursivas de períodicos (1870-1890)

Este estudo se propõe a realizar uma interpretação histórica de periódicos do final da segunda metade do século XIX, no Amazonas, em um período em que a região estava passando por transformações sociais e culturais em virtude do impacto da economia da borracha. Em suma, temos nisso o intuito de compreender como os editoriais desses meios de comunicação apresentaram ao público consumidor a concepção de Amazônia, a partir uma análise discursiva deles, pautada em Mikael Bakthin e Pierre Bourdieu, isto alinhado pelas premissas da História da Imprensa.Dessa maneira, compreendemos que as estruturas discursivas apresentadas pelos jornais da época revelaram práticas que elaboraram uma percepção daquele lugar, oriunda de uma elite local que tinha o objetivo de comunicar ao restante do Brasil que tal área do país representava a ideia de modernidade. Assim, observamos em narrativas o lugar do simbólico como construção de uma imagem exógena sobre aquele momento em que as relações comerciais relacionadas às atividades gomíferas contribuíram para o entendimento das mudanças observadas naquela sociedade.

Alexandre da Silva Santos


A POLÍTICA E AS VISUALIDADES NOS JORNAIS MANUSCRITOS DE RORAIMA

Este artigo tem como objetivo central, discorrer sobre a trajetória dos jornais impressos de Roraima, especificando os primeiros jornais a circularem no rio Branco, os manuscritos, que existiram no período em que em que Roraima pertencia ao Estado do Amazonas (1942). A história da mídia impressa, neste trabalho, será articulada na questão da estética desses periódicos e suas visualidades, além de falar sobre o processo de transformação política do Estado.

Este trabalho integra um estudo mais abrangente que parte da seguinte pergunta: em quase um século de existência, que transformações significativas podem ser percebidas na imprensa escrita de Roraima e como a mídia impressa ajudou a moldar e foi moldada pelas atividades políticas regionais?

Se fez a catalogação e descrição dos jornais existentes em Roraima no período destacado, sua inter-relação com as visualidades amazônicas e como a esfera do político a partir de conceitos apresentados por René Rèmond (2003).

Ao refletir sobre a história do impresso em Roraima destaca-se que apesar das dificuldades de produção dos primeiros jornais impressos, há em Roraima o aparecimento de pelo menos sete folhas volantes manuscritas dos mais variados tipos e com os mais variados propósitos. No nosso entendimento, esses periódicos, a maioria escritos a mão, em função de um desejo de informação, mostravam como funcionava a sociedade e o poder político no rio Branco.

Analisando as suas materialidades, seus conteúdos e as marcas de leitura que neles ficaram impressas podemos caracterizar as práticas discursivas relacionadas à construção do poder político nacional e local. Pretende-se responder aos seguintes questionamentos: como se trabalhava a informação nesse período da história? O que justificava a existência de jornais manuscritos em um lugar onde poucos tinham acesso a leitura?

A partir dessas instigações, que contribuíram para a delimitação dos objetivos da pesquisa, foram pré-selecionadas quatro folhas de manuscritos para análise, obedecendo principalmente ao critério de acessibilidade para consulta: O Caniço (1905) e O Tacutu (1907), A Escova (1907) e o Bem-te-vi(1910) cuja copias tivemos acesso e que podemos analisar.

As fases metodológicas do estudo serão a pesquisa bibliográfica, o inventário documental, além da análise do material selecionado, caracterizada como uma pesquisa com abordagem qualitativa-quantitativa, a partir da análise de conteúdo (FRANCO, 2008) dos jornais estudados.

Para apresentar de forma mais eficaz o tema, fez-se em primeiro lugar um levantamento jornais existentes em Roraima. Partiu-se do pressuposto de tentar recuperar na análise desse material, os modos de produção, as estratégias editoriais e redacionais e, finalmente, identificar os padrões dominantes desses materiais.

A recuperação de acervos documentais e identificação de jornais e atores será importante na construção de uma cultura letrada regional. Ao fazer semelhante levantamento sobre o histórico da imprensa em Roraima, será possível falar sobre a estética desses jornais, além de examinar as relações entre a atividade política regional e os primeiros impressos a circularem no estado.

Cyneida Menezes Correia


Imprensa na fronteira oeste da Amazônia na década de 1940: o jornal Alto Madeira e a criação do Território do Guaporé

O jornal Alto Madeira (1917-2017) foi o periódico mais longevo de Rondônia e um dos que por mais tempo esteve em circulação na Amazônia e no Brasil. Durante seu período de atividade cobriu diferentes momentos do processo de constituição primeiro do Território Federal do Guaporé e depois do Estado de Rondônia. Neste artigo a atenção está voltada para a atuação do periódico ao longo da década de 1940, especialmente na sua primeira metade, em que teve papel regional fundamental para a política da região dos rios Madeira e Mamoré, com destaque para a consolidação da figura do coronel Aluísio Pinheiro Ferreira como principal mandatário local, e para a percepção das elites locais sobre a particularização do lugar entre os estados de Mato Grosso e Amazonas como uma unidade do Estado Nacional. Neste processo assumiu o papel de veículo de propagação das ideias e posições da elite local, profundamente ligada à economia da borracha e com sólidas relações com o mercado boliviano. O objetivo principal deste artigo é indicar o papel relevante que, mesmo em um ambiente de limitado letramento e de população rarefeita, a presença de um periódico, associado à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, EFMM, teve para a efetivação do poder político local e para a consolidação da ideia de uma unidade administrativa própria às margens do rio Madeira, especialmente ao fazer circular estas percepções tanto internamente como para fora da região de que se propunha a ser porta-voz.

Mirian Penha Franco
Sandro Adalberto Colferai


IMPRENSA E POLÍTICA NOS JORNAIS DO TERRITÓRIO DE RORAIMA

O jornalismo impresso em Roraima completará 115 anos em 2021, acumulando uma dimensão significativa de jornais produzidos na formação histórica do estado mais novo da federação. No entanto, existem poucas memórias produzidas acerca desse jornalismo impresso e poucos estudos abrangentes que possam ser usados como referência sobre o que foi produzido pela imprensa escrita local.

Como uma tentativa de elucidar a trajetória do jornal impresso em Roraima num período importante de mudanças políticas e econômicas no país e na região, elaborou-se um mapeamento das informações existentes, utilizando-se como recorte temporal o início da ditadura militar até a formação do estado de Roraima (1964-1988).

Também se analisou criticamente o papel dos políticos locais na história do jornalismo roraimense, detectando o comportamento dos veículos impressos e de que forma noticiaram a atuação desses personagens. O programa de estudos consiste na catalogação e descrição dos jornais no período destacado, apontando a sua inter-relação com a esfera do político e buscando dialogar com autores que são referência na temática política e histórica como René Rèmond et all (2003). Para este autor, existe uma história da história que carrega o rastro das transformações da sociedade e reflete as grandes oscilações do movimento das ideias.

Do ponto de vista teórico, entendemos que os periódicos foram suporte para veiculação de informações relacionadas à política e, não apenas isso, constituíram-se eles mesmos em agentes políticos buscando intervir ativamente na condução da política local. Sobre isso, John Thompson (2009) afirma que os meios de comunicação são “rodas de fiar” que tecem diversos sentidos. Estes sentidos precisam ser buscados na inter-relação entre os poderes políticos conflitantes e os vários jornais que surgem e desaparecem rapidamente vinculados a agentes políticos locais.

A pergunta central que orientou este trabalho é: Como o jornalismo ajudou na construção da realidade social ao mesmo tempo em que foi moldado pelas atividades políticas regionais no período da ditadura em Roraima?

Busca-se, como objetivo geral, investigar a transformação histórica do jornalismo impresso em Roraima a partir de suas conexões com a vida política local, sobretudo no contexto da ditadura militar. Isso traz uma justificativa importante: a salvaguarda do conteúdo desses jornais será útil para a construção de um conhecimento mais vigoroso sobre a comunicação no âmbito roraimense e sua história política.

A análise que este trabalho objetiva foi feito com a recuperação de acervos documentais e identificação de jornais e atores que foram importantes na construção de uma cultura letrada regional, além da análise de conteúdo dos exemplares encontrados durante a pesquisa concernentes ao período recortado. Ao fazer semelhante levantamento sobre o histórico da imprensa, será possível reforçar hipóteses sobre as relações entre a elite política regional e os jornais e verificar de que forma essa relação interferiu na manutenção e no fechamento dos veículos que passaram por Roraima durante este recorte temporal. A problemática da pesquisa envolve o questionamento sobre a contribuição histórica do que era escrito para a sociedade roraimense, além da ligação com o poder político local.

Luís Francisco Munaro
Cyneida Correia


A AMAZÔNIA NA IMPRENSA DO BRASIL IMPÉRIO: DOS VIAJANTES À CONSOLIDAÇÃO DA SOBERANIA NACIONAL (1822-1880)

Este artigo compõe parte de uma busca pelo surgimento de narrativas sobre a Amazônia no interior da imprensa nacional e regional. O tema regional aparece como uma forma de reivindicação de papel na construção nacional e, ao mesmo tempo, de reforço dos vínculos culturais e históricos num espaço intermediário entre a nação e o local. Trata-se de um espaço em constante processo de construção ao longo dos séculos XIX e XX, a despeito da relativa autonomia fornecida ao topos Amazônia pela literatura dos viajantes. Muito embora o discurso dos viajantes tenha recebido vários e valorosos estudos, dentre os quais os de Neide Gondim (1994), Ana Pizarro (2012) e João Carlos de Carvalho (2001), a busca por uma percepção endógena da Amazônia, sobretudo no século XIX, ainda é escassa. Nem tampouco foram estudados os textos que se perderam no amontoado de páginas impressas produzidas no Brasil inteiro, que, lentamente, passaram a tematizar a Amazônia, ou dar-lhe um significado no interior do Brasil. O objetivo deste estudo se encaminha neste sentido: garimpar, através de uma busca pelo acervo digital da Hemeroteca Digital Nacional, as menções ao vocábulo Amazônia que apareceram na imprensa nacional. Apesar de o sistema de busca digital guardar suas falhas, por vezes ignorando letras ilegíveis, ou frequentemente confundindo “Amazônia” com “Amazonas”, ele ajuda a demonstrar a crescente tematização do espaço amazônico, conforme aumenta a preocupação imperial com a constituição e manutenção das fronteiras brasileiras diante de pressões de, sobretudo, Estados Unidos, Inglaterra e França.

Aos vocábulos revelados pela busca digital, em periódicos diversos no Brasil inteiro, seguiu-se tentativa de compreensão contextual, mas sobretudo orientada pela análise interna da narrativa e de sua transformação ao longo do século XIX, acompanhando a consolidação da consciência nacional brasileira. Optou-se por perceber a Amazônia como um conceito capaz de mobilizar indivíduos em torno de projetos políticos comuns, constituindo-se como aspecto fundante da sociedade, na esteira do que sugeriu Reinhardt Koselleck (2006). Conforme se cria, no interior das discussões na imprensa e política brasileiras, uma ideia mais nítida da Amazônia, também se catalisam ações para a racionalização e ocupação do seu território. As narrativas na imprensa são um aspecto central da formação das nações modernas, e fazem parte do seu processo de definição identitária ao permitir que vastos conjuntos dispersos de indivíduos anônimos se filiem a uma mesma percepção do espaço e do tempo (ANDERSON, 1989). Ainda que seu estudo seja muitas vezes preterido em detrimento da literatura, elas revelam de forma mais sensível as várias nuances do imaginário nacional, ainda mais se estudadas diacronicamente.

Este artigo se apresenta em três partes: uma primeira para identificar o conceito de Amazônia em seu nascedouro europeu e sua instalação no Brasil a partir das Cortes Constitucionais de Lisboa em 1820, bem como para rápida contextualização da Amazônia no interior do Império do Brasil; uma segunda parte para identificar as menções ainda vagas à Amazônia através da literatura produzida pelos viajantes; e uma terceira para demonstrar como Amazônia gradativamente passa a ser identificada como um aspecto estratégico para a identidade brasileira em sua busca por afastar-se das outras nações latino-americanas. O estudo constatou a crescente importância da temática amazônica na imprensa do século XIX: num primeiro momento, locus de curiosidade etnográfica, apresentando-se mais pela pena estrangeira que pelos estudos de viajantes e estudiosos brasileiros; num segundo, com a aproximação de nações estrangeiras no bojo do fortalecimento da Revolução Industrial, a partir da necessidade da ocupação da região, de sua conversão em uma economia próspera e, principalmente, navegação dos seus rios por meio dos navios vapores; por fim, confirmando-se o uso industrial da borracha e seu potencial comercial, a Amazônia se apresenta como região que antecipa o futuro nacional, sendo a navegação internacional enxergada como via de acesso do Brasil para a civilização.

Luís Francisco Munaro


A MEMÓRIA IMAGÉTICA DA IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DO CARMO COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA/RR

O conceito de memória vem se modificando ao longo dos anos por consequência das necessidades sociais de produção e de conhecimento de cada período histórico. No interior do debate historiográfico, há uma grande discussão em relação ao lugar da memória nos estudos históricos. Autores como Pierre Nora, Jacques Le Goff, Maurice Halbwachs, entre outros, pontuaram os estudos historiográficos da memória na representação do passado, destacando a relação dela comas práticas individuais e sociais.

Para Le Goff (1990, p. 366), por exemplo, “a memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas”. Ou seja, só é possível fazer uma ligação do presente com o passado porque o homem guardou ou preservou algo que resultou em vestígios que remetem a esse passado. Além disso, a memória é um meio de conservação que se faz através de imagens, desenhos, monumentos e documentos que remetem a lembranças de fatos considerados por uma determinada comunidade como elementos consideráveis da sua história.

A memória é, portanto, um mecanismo de criação do passado, sendo a fotografia um dos tantos artefatos pelo qual se cria e se imagina o passado. Por meio da fotografia há um acesso limitado ao real: apesar dela não trazer a dimensão precisa daquilo que está sendo retratado, ela revela uma história oculta, cujos mínimos detalhes são, em sua completude, desconhecidos. Complementarmente, para Guran (2006), a imagem fotográfica, além de ser um instrumento, é um objeto de pesquisa, podendo servir como ponto de partida na busca da revelação de seus detalhes ocultos. A fotografia proporciona, de uma determinada forma, o estudo do passado e, consequentemente, a preservação da memória, pois uma imagem solidifica um determinado momento ou uma determinada ação ao fazer um recorte particular de uma realidade passada, mas que se faz presente através dela. Portanto, a memória representada em um formato textual, verbal ou imagético compõe os elementos fundamentais na construção da identidade individual e, consequentemente, na identidade coletiva de uma sociedade.

Ao ressaltar a importância da fotografia na preservação da memória, Kossoy (2005, p. 40) diz que a “fotografia é memória e com ela se confunde”. Nesse sentido, ela é considerada um documento, tendo como objetivo testemunhar ou documentar, por meio de imagens, acontecimentos e fatos históricos, a existência de pessoas e a sua participação em eventos e acontecimentos, como também o registro de lugares e objetos.

A memória, redescoberta pelo uso da imagem fotográfica, nos permitirá reconstruir a história de um dos patrimônios históricos e culturais mais emblemáticos para o povo roraimense, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo, que teve o seu tombamento realizado pela prefeitura do município de Boa Vista na década de 1990 (Lei no. 230, de 10 de setembro de 1990, e Decreto no. 2.614, de 15 de outubro de 1993). Desse modo, os registros fotográficos nos permitirão identificar as mudanças arquitetônicas e de estilo que a igreja sofreu ao longo do tempo.

Tais mudanças de estilo arquitetônico nos remetem a uma (re)construção da memória coletiva deste bem cultural, mostrando que a imagem representa diferentes momentos da sua identidade. A análise destes momentos é fundamental para a compreensão do significado que a Igreja possui para o povo roraimense ao longo da história recente.

Cabe ressaltar que a Igreja foi construída ainda no século XIX, mas podemos dizer que foi completamente reconstruída, por duas vezes, no decorrer do século XX, além de estar circundada por outros patrimônios históricos e culturais, formando o centro histórico de Boa Vista/RR. A Igreja Matriz é, portanto, um espaço significativo e de grande valor simbólico para todo o povo roraimense, auxiliando na preservação de sua memória e na construção de sua identidade histórica.

O registro desses fatos podem ser observados em diversas fotografias que perduraram durante anos e que buscamos expor e explorar brevemente no decorrer deste trabalho. O objetivo desta pesquisa, entretanto, é contribuir na identificação da construção e reconstrução da memória da Igreja, depois de seu tombamento como patrimônio histórico e cultural, pelos atores envolvidos na composição das diferentes imagens que compõem o imaginário roraimense no decorrer dos anos de 1990 e início do novo milênio.

A metodologia a ser utilizada está embasada em pesquisa documental, bibliográfica, com abordagem qualitativa, e da utilização de fotografias como produto de memória e narrativa.

Juliana Cristina S. da Silva
Luís Francisco Munaro


Periódicos paraenses no acervo online da Biblioteca Nacional

Qual a disponibilidade dos periódicos paraenses no acervo online da Biblioteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil? A questão se apresentou com maior relevância no período da pandemia do Sars-Cov-2, pois informações nesse sentido auxiliam pesquisas sobre a história e memória dos jornais e revistas do Pará. Este trabalho apresenta uma pesquisa exploratória e descritiva do acervo digital da Hemeroteca Nacional, espelho de parte do acervo disponível na Biblioteca Arthur Vianna, em Belém, Pará. Na pesquisa, pôde-se identificar 142 periódicos paraenses, com números de edições diversos. O Diario de Belém (1868-1892) e O Liberal do Pará (1869-1889) foram relevantes jornais diários da capital paraense, apresentando as maiores coleções online, embora incompletas. Os dois jornais são abordados no artigo. O Diario de Belém era um jornal político e comercial, de ideias conservadoras; dizia-se autônomo de partidos e sobrevivia dos assinantes e anúncios. Já O Liberal do Pará era alinhado ao partido Liberal, também era comercial e cobrava por assinaturas e anúncios. O estudo aponta a importância dos acervos digitais e a necessidade de uma constante digitalização do material físico original, para que as duas materialidades possam coexistir e auxiliar pesquisas futuras.

Paulo Olin Barros Francês
Elizabeth Nery Pinheiro
Netília Silva dos Anjos Seixas


Periódicos paraenses no acervo on-line da Biblioteca Nacional

Qual a disponibilidade dos periódicos paraenses no acervo on-line da Biblioteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil? A questão se apresentou com maior relevância no período da pandemia do Sars-Cov-2, Covid-19, pois o acervo disponível pode auxiliar pesquisas sobre a história e a memória dos jornais e revistas do Pará. Este trabalho apresenta uma pesquisa exploratória e descritiva do acervo digital da Hemeroteca Digital Brasileira, espelho de parte do acervo disponível na Biblioteca Pública Arthur Vianna, em Belém, Pará. Na pesquisa, pôde-se identificar 132 periódicos paraenses on- line, com coleções de tamanhos diversos. O Diario de Belém (1868-1892) e O Liberal do Pará (1869-1889) foram relevantes jornais diários da capital paraense no século XIX, apresentando as maiores coleções on-line, embora incompletas. Os dois jornais são abordados no artigo. O Diario de Belém era um jornal político e comercial, de ideias conservadoras e dizia-se autônomo de partidos. Já O Liberal do Pará era alinhado ao Partido Liberal e também era comercial. Ambos cobravam por assinaturas e publicavam anúncios. Aponta-se a importância dos acervos digitais e a necessidade de uma constante digitalização do material físico original, para que as duas materialidades possam coexistir e auxiliar pesquisas futuras.

Paulo Olin Barros Francês
Elizabeth Nery Pinheiro
Netília Silva dos Anjos Seixas


O desfecho do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff na narrativa dos jornais O Globo e Estadão em 31 de agosto de 2016

Este trabalho aborda a cobertura da imprensa ao desfecho do impeachment da ex-presidente da república Dilma Rousseff. No artigo, utilizamos o método de análise de enquadramento noticioso, dando ênfase à análise das fontes das matérias de capa nos jornais O Globo e Estadão, das respectivas edições de 31 de agosto de 2016. O eixo teórico deste trabalho levanta uma discussão sobre o uso e escolha das fontes no jornalismo, como forma de verificar se houve pluralidade da imprensa na cobertura deste que foi um dos acontecimentos mais marcantes da história recente do país.

Raphael Resende Duarte


A MULHER NA IMPRENSA DO TERRITÓRIO FEDERAL DE RORAIMA

A História da Imprensa na Amazônia foi o principal referencial para a realização desta pesquisa que, como coloca Barbosa (2007), trata-se de um processo de construção com o objetivo de investigar o contexto do jornalismo e da sociedade entre os anos de 1966 a 1988, quando existia o Território Federal de Roraima. O objetivo é analisar a atuação da mulher na imprensa roraimense, a realidade social, a estrutura da produção editorial do jornal além da repercussão na cobertura jornalística a respeito da mulher, estabelecendo a ligação entre o fazer jornalístico e a relação da mulher na sociedade.

Inicialmente, são abordadas as características do contexto histórico, social, econômico, político e cultural do referido período e promover uma discussão sobre a imprensa feminina de época e a sua relação com as representações sociais e a memória coletiva. Quanto à metodologia, aplicou-se a análise de conteúdo para o mapeamento das temáticas escolhidas para o trabalho.

O envolvimento dos historiadores com a Imprensa tem oscilado entre produzir uma História da Imprensa e uma História Através da Imprensa e neste trabalho, utilizou-se os jornais do período como fonte histórica, apesar da imprensa não ser, em absoluto, neutra, já que se encontra imersa no social. E, como sustenta Maria Helena Capelo, como instâncias constitutivas do social, os jornais, pelo que defendem ou contestam; pelo que silenciam ou omitem, traduzem a história e a cultura de um povo.

Este artigo apresenta um pouco da história da imprensa feminina que surgiu no Território Federal de Roraima, Brasil, no período de 1962 a 1988. Essa imprensa pode ser descrita como um espaço de expressão da política relacionada as mulheres que tinha sido despertada no Brasil e que chegou na Amazônia a partir da luta contra o regime militar. Pretende-se explorar a participação das mulheres nessa imprensa, enquanto profissionais atuantes além de destacar o que era retratado nas páginas dos períodos sobre as lutas femininas na Amazônia naquele período.

A escolha do jornal Gazeta como corpus desta pesquisa se justifica, principalmente, em sua importância dentro da História da Imprensa roraimense, visto que foi um dos jornais que mais durou em Roraima além de um dos seus profissionais, uma mulher, ter recebendo o primeiro e único prêmio Esso da história do jornalismo roraimense.

Além disso, à facilidade de acesso ao mesmo, que disponibiliza seu acervo gratuitamente, favorecendo uma pesquisa mais abrangente, muito embora, porém, torna-se válido ressaltar que algumas edições dentro do período pesquisado tinham problemas em suas digitalizações, encontrando-se ilegíveis, com borrões, ou, simplesmente, indisponíveis– edições que, sendo assim, foram desconsideradas.

Em análise preliminar a respeito do tema, pode-se verificar como o jornal transmitia, de fato, uma visão social sobre o universo feminino – as expectativas sociais sobre atuação da mulher. Independentemente do seguimento tratado a respeito do universo feminino, porém, a mulher que tivesse contato com o jornal e com seu conteúdo presenciaria nele uma série de textos com certo teor educativo, informando-lhe não só o que a sociedade esperava, mas o que deveria fazer para ser bem vista e, muitas vezes, realmente feliz.

Como justificativa desta pesquisa, pode-se citar a constante movimentação dentro dosa ausência de estudos que se relacionam com o tema da mulher e das relações de gênero em Roraima, principalmente neste período do território. Assim pretende-se viabiliza a reconstituição de uma fração dentro da História da Imprensa roraimense, além de poder proporcionar maior entendimento a respeito do tema e seus impactos em nosso cotidiano.

Por fim, busca-se recuperar a história dos jornais impressos do Território Federal de Roraima e a participação das mulheres nesses periódicos que surgiram entre 1966 e 1988. O surgimento desses jornais e os princípios por eles defendidos estão relacionados ao contexto histórico do país que sofria uma Ditadura Militar.

Esses jornais, com formato tabloide e muitas vezes de tiragem irregular e circulação restrita, eram vendidos em bancas, ou distribuídos pela cidade que naquele momento tinha pouco menos de 15 mil habitantes cuja grande maioria era analfabeto.

Dentro dessa conjuntura, pergunto: como eram pautados os jornais do período? Qual era a participação das mulheres nesses periódicos? Como era ser jornalista mulher na Amazônia deste período e mais especificamente no território? São essas as primeiras questões que nos ocorrem ao tomar contato com os jornais.

Rebeca Lopes da Silva


Tramas de dificuldades: uma reflexão sobre a crise dos jornais impressos em Rio Branco – Acre

De forma mais vigorosa nas últimas duas décadas o jornal impresso começou a vivenciar um período de dificuldades. A internet e todas as implicações que suas possibilidades provocam no fazer jornalístico, na forma como o público consome conteúdos e nos novos modelos de gerenciamento que as empresas adotam para se organizar tem contribuído para que o jornais impressos passem por um momento de crise, realidade vivenciada principalmente em periódicos de pequenas e médias cidades. Neste artigo, por meio de pesquisa bibliográfica e entrevistas, nos debruçamos sobre o mercado de mídia impressa em Rio Branco, capital do Estado do Acre. A cidade possui quatro periódicos com tiragens bastante reduzidas, pequeno número de assinantes e quase nenhuma venda avulsa. Percebe-se, ao longo do trabalho, que o que acontece na capital acreana é semelhante ao que ocorre em inúmeras outras cidades brasileiras: Fuga de anunciantes e leitores, redução no número de tiragens, saída de circulação de alguns veículos, anexação a portais de notícias, entre outros fatores, que tingem um quadro que, para muitos, prenuncia o fim desse tipo de mídia.

Wagner da Costa Silva


A mídia alternativa ChanaComChana (1981-1987) e as denúncias ao regime ditatorial brasileiro

As mídias alternativas foram instrumentos de resistência em um Brasil que estava em plena ditadura civil e militar (1964-1985). Vários grupos minoritários foram considerados subversivos e contra a moral e os bons costumes, entre eles os grupos formados por gays, lésbicas, travestis e transexuais. Alguns grupos políticos compostos por populações excluídas combateram essas formas de opressão e deram visibilidade a suas causas. O GALF – Grupo de Ação Lésbico-Feminista foi um desses grupos e criou o Boletim Chanacomchana (1981-1987), objeto de análise dessa comunicação. O Boletim foi um artefato cultural que teve sua importância por visibilizar a luta de mulheres lésbicas pela liberdade e contra os preconceitos. O objetivo do trabalho é analisar as matérias veiculadas no boletim que retrataram o regime militar ou assunto correlato. Para alcançar o objetivo, fizemos a leitura de 11 exemplares do fanzine e selecionamos os que apresentam discursos, textuais ou imagéticos, sobre a repressão ou relação com a repressão sofrida pela população LGBT no período da ditadura civil-militar brasileira. Como resultado encontramos discursos que apontam para resistência lésbica contra o preconceito, a submissão e a busca por autonomia e afirmação da sexualidade.

Eder Ahmad Charaf Eddine
Thamires Rosa Costa Lima
José Eduardo de Azevedo Gomes Rodrigues


MÍDIA SONORA EM VILHENA, RO: ASPECTOS INICIAIS DE UMA HISTÓRIA LOCAL

Trata-se de um artigo que reúne informações sobre as rádios do município de Vilhena, localizado no extremo sul do estado de Rondônia, a 700 km da capital, Porto Velho, com o objetivo de contextualizar aspectos iniciais acerca do histórico desse veículo de comunicação. Justifica-se o trabalho pela insuficiência de publicações que contemplem a sistematização de dados sobre a mídia sonora nesse município, bem como, sendo essa uma forma para auxiliar pesquisas acadêmicas a respeito do tema, especialmente no que se refere à criação, grupo de comunicação pertencente, composição de equipe e principais elementos da programação, sobretudo, no aspecto relacionado aos jornalísticos de cada emissora. Com base em pesquisa bibliográfica e exploratória nos sítios dessas rádios na rede mundial de computadores, descreve-se a trajetória de cinco emissoras vilhenenses: Rádio Onda Sul, Rádio Vilhena, Rádio Massa, Rádio Positiva e Rádio Planalto.

Evelyn Iris Leite Morales Conde
Jamille Batista Ferreira da Silva


O que é podcast? Um análise entre o podcast Mamilos e o programa de rádio Manhã de Notícias.

A proposta deste artigo surgiu a partir da seguinte questão: podcast é a mesma coisa que programa radiofônico? O estudo analisa as diferenças e as semelhanças entre podcasting e radiodifusão e, com isso, apresenta o podcast como uma mídia própria. Autores como Alex Primo (2005), Gustavo Vanassi (2007) e Marcelo Medeiros (2005) embasarão o referencial teórico da análise. Este buscou fazer uma análise entre podcast e um programa radiofônico, com o objetivo de apresentar as semelhanças e diferenças entre os dois programas de áudio. Para a construção da análise dessa pesquisa, foi selecionado o episódio número 198 do podcast “Mamilos” e três programas “Manhã de Notícias”, a fim de perceber as características de cada um. A escolha dos mesmos para o respectivo trabalho se deu por ambos tratarem de temas informativos, o que possibilita uma análise comparativa por conta do viés jornalístico. Diante das características apresentadas e dos diferenciais entre os dois programas constatou-se que o podcasting é um processo midiático próprio, com isso, apresenta elementos únicos, que o diferem do rádio, focados na interatividade incentivando uma postura ativa dos ouvintes em sua construção.

Kayth Pinheiro
Leane Oliveira
Carlos Monteiro


De qual rádio estamos falando?

Inspirado em “De qual comunicação estamos falando?”, de L. C. Martino (2017), o artigo trata da definição e evolução do conceito de rádio. O objeto é a gênese e o desenvolvimento do conceito de comunicação radiofônica, a partir de sua definição etimológica e léxica, desde a invenção do rádio como tecnologia das telecomunicações até a presença de sua função nas plataformas digitais contemporâneas. Ferraretto e Kischinhevsky (2010) constatam que desde os anos 1990 a noção de rádio como meio de comunicação é defendida em uma concepção mais plural. A metodologia apoia-se em pesquisa bibliográfica, onde reconhece as características do rádio a partir de sua etimologia e verbetes nos dicionários; encontra a explicação conceitual básica para o significado da palavra rádio e sua fixação como atividade na comunicação. Responde questões como: onde o termo rádio aparece primeira vez; de onde vem o termo rádio; e como o rádio é compreendido a partir de sua conceituação, definida etimologicamente e em verbetes. Dicionários e enciclopédias de termos em geral ou exclusivas são lugares de observação e pesquisa, pois assumem as funções de ordenar e estruturar as definições e terminologias, sintetizar acepções, sentidos, significados; oferecem questões e referências fundamentais para pensar historicamente a comunicação.

Mauro Celso Feitosa Maia


O sujeito amazônico nas ondas do rádio Amapaense.

Este trabalho se propõe a apresentar parte do resultado da pesquisa de dissertação que se propôs a analisar o discurso produzido pelos ouvintes da Rádio Difusora de Macapá, buscando compreender de que forma se dá a interação entre os ouvintes e a rádio. Ao abordar as características do sujeito amazônico, a partir da análise de seus recados e mensagens, divulgados no programa Alô, Alô Amazônia, procuramos analisar o texto, suas marcas e suas características. O referencial teórico e metodológico principal traz autores como Benetti, Bakhtin e Bourdieu. Constatamos a importância do rádio para as comunidades ribeirinhas dos estados do Amapá e Norte do Pará, mesmo em tempo de efervescência das redes sociais, com ênfase para a relação estabelecida entre ouvintes e locutores. A análise de 117 mensagens nos mostrou também, que o público feminino é o que mais envia mensagens e o público masculino o que mais recebe. Os textos chamam a atenção para as relações de parentesco que precedem seus nomes; para o rio, sua principal avenida; para malha fluvial, principal meio de transporte; e para as diferentes religiões, que fazem parte do cotidiano e dos hábitos dos ribeirinhos.

Patricia Teixeira Azevedo Wanderey
Luciana Miranda Costa


A família formada por ouvintes de rádio em um grupo de whatsapp

Entre as funções do aplicativo de mensagens instantâneas whatsapp está a criação de grupos. No grupo Amigos do Aelson, criado em maio de 2015, o principal laço que une os integrantes é um programa de rádio da qual são ouvintes, o Amor Sem Fim, transmitido pela 99FM em Belém, no Pará. No grupo, os ouvintes compartilham interesses que vão além da programação diária da rádio, e passaram a estabelecer relações de afeto, muitas vezes se autodenominando como “família”. O objetivo deste artigo é identificar no grupo, a partir da observação, marcas de memória familiar. Para auxiliar no entendimento da pesquisa, o referencial teórico utilizado traz os estudos de memória de Halbwachs (1990), Bosi (1994) e Izquierdo (2018). Para buscar alguns conceitos sobre família recorreu-se aos estudos de Court (2005), Carvalho (2005) e Wagner et all. Como o grupo é formado por ouvintes de rádio, foram usados os estudos de Del Bianco (2018) e Alves (2014) e Recuero (2005) contribui com a discussão sobre laços sociais. A pesquisa ocorre de forma exploratória, e o percurso metodológico se dá com pesquisa bibliográfica e observação participante, com um recorte no dia 04 de outubro de 2019, momento em que há o falecimento de uma integrante do grupo.

Vanessa Monteiro da Silva


O fantástico caso da médium Anna Prado em Belém: O sobrenatural e o espiritismo no Folha do Norte (1918-1922)

No artigo buscamos explorar a narrativa do jornal Folha do Norte sobre as ações sobre o espiritismo e que tinham como personagem principal uma suposta médium chamada Anna Prado. Notícias que foram motivo de assombro para os leitores e incomodo para a igreja católica em virtude de a médium ganhar aliados e críticos ao permitir a cobertura da imprensa sobre seus feitos, principalmente a materialização de espíritos, e mostrando como o jornalismo rendia-se facilmente ao fantástico e ao insólito, no alvorecer do século XX na cidade de Belém do Pará. Ao abrir suas páginas para o fantástico e o desconhecido o jornal Folha do Norte buscou com o conhecimento institucionalizado das coisas, reforçar a ideia de que o homem possui uma curiosidade insaciável pelo que não consegue explicar racionalmente.

Ana Leticia Tostes
Luiz LZ Cezar Silva dos Santos


Rapazes alegres e travestis: a homossexualidade nos enunciados dos jornais Folha do Norte e O Liberal no século XX

Nos últimos tempos, a mídia e a sociedade vêm mudando a forma como tratam a diversidade sexual e de gênero, adotando uma postura mais inclusiva. Nesse contexto, o interesse desse estudo foi explorar de que maneira os jornais Folha do Norte e O Liberal, publicados em Belém do Pará, mobilizam sentidos a respeito de homens homessexuais em seus enunciados e enunciadações, para entender como a memória coletiva a respeito da homossexualidade foi sendo tecida na imprensa paraense ao longo do século XX. Os sete textos que compõem o corpus foram coletados nos meses de fevereiro ou março (Carnaval), julho (Parada LGBT) e outubro (Festa da Chiquita Bacana), no intervalo de 1901 a 2001, com recortes de dez em dez anos. A análise do corpus evidenciou que os jornais referiam-se aos homossexuais em termos que associavam esse grupo à feminilidade (travestis) e a um comportamento mais espalhafatoso (moços alegres), contribuindo com a circulação de estereótipos, ainda hoje presentes.

Jessé Andrade Santa Brígida
Leonardo Santana dos Santos Rodrigues
Netília Silva dos Anjos Seixas


A formação profissional em jornalismo: uma análise histórica das primeiras faculdades no Brasil e em Portugal

Introdução: A profissionalização em jornalismo como se conhece hoje passou por um percurso histórico muito peculiar no que diz respeito ao seu crescimento e fortalecimento. Sua institucionalização enquanto processo formativo universitário tem início no Estados Unidos da América. Entretanto, muito antes, na Alemanha, discussões em torno da temática começavam a caminhar na academia. Há que se considerar ainda, as primeiras escolas voltadas para a área no Brasil e em Portugal, como forma de comparação entre o ensino nos dois Países. Objetivos da Pesquisa: Este trabalho tem como objetivo a realização de um levantamento histórico das primeiras universidades de jornalismo no mundo, com foco nas pioneiras do ensino em Portugal e no Brasil. Metodologia: Para alcançar o objetivo proposto será realizado um levantamento bibliográfico, com foco em estudos que tratem sobre a formação em jornalismo. Resultados esperados: Espera-se identificar neste estudo, que está em andamento, quais foram as primeiras universidades que ensinaram jornalismo no mundo, no Brasil e em Portugal. Considerações finais: A partir do levantamento bibliográfico será possível disponibilizar um estudo mais objetivo e claro sobre quais instituições foram pioneiras no que diz respeito a formação na área nos países analisados.

José Eduardo de Azevedo Gomes Rodrigues
Francisco Gilson Rebouças Pôrto Júnior


Jornais manuscritos do Norte de Goiás: os pasquins da imprensa tocantina

Na medida em que os estudos de mídia regional avançam, habilita-se novas fontes de pesquisas que permitem ampliar as possiblidades de investigação e que podem levar a novas descobertas. O resultado destes estudos tem revelado que a produção jornalística e a diversidade de veículos no Norte de Goiás, que viria a se tornar Estado do Tocantins, é bem maior do que se pensava. Pesquisa recente catalogou mais de 50 periódicos editados na região no período anterior a criação do Estado. A pesquisa fez irromper os manuscritos, “estranhos e insólitos jornais”, no dizer de Barbosa (2019), tem longa tradição no Brasil. Periódicos influentes no século XIX, e agora, como se observa, com ocorrência expressiva no Norte de Goiás, paralelo aos tipográficos. Este estudo, inédito, apresenta um panorama dos manuscritos tocantinos e tenta responder indagações de como eram editados, quem os produziam, o que se pode inferir de suas materialidades e o que explica o tipo de produção em pleno século XX quando a tipografia já era popular? Descobertos por acaso nas gavetas empoeiradas de colecionadores os jornais manuscritos do Norte de Goiás ganham vida nova e podem contribuir para ampliar os conhecimentos sobre a imprensa tocantina. Integram a ordem comunicacional manuscrita (BARBOSA,2019) imprensa artesanal (SODRÉ 1983) que tem como característica a linguagem despojada e bem-humorada. O estudo tem como referencial teórico Bardin (1977), Burke (1992), Bourdieu (2007), Ribeiro (2004), Bucar (2019) e Barbosa (2019).

Francisco Gilson Rebouças Júnior
Ruy Alberto Pereira Bucar


POR UMA HISTÓRIA DA FORMAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA: PROCESSO DE BOLONHA, CURSOS DE COMUNICAÇÃO/JORNALISMO E UNIVERSIDADES PORTUGUESAS

O Processo de Bolonha tem recebido a atenção de pesquisadores do mundo inteiro. Trata-se de uma transformação dos processos formativos como nunca antes vivenciado. Com isso, estudos e pesquisas têm apontado para as modificações necessárias a fim de transformar uma perspectiva de educação em realidade formativa em todo o continente europeu. Fez-se uma incursão sobre os aspectos político-sociais e pedagógicos da Declaração de Sorbonne (1998), Declaração de Bolonha (1999) e a consolidação dessa política formativa nos encontros em Praga (2001), Berlim (2003), Bergen (2005), Londres (2007), Louvaine (2009), Budapeste e Viena (2010), Bucareste (2012) e Yerevan (2014). Percebeu-se que, ao longo dos anos, as instituições universitárias envolvidas no Processo de Bolonha vêm desenvolvendo expertise nos processos de formação em primeiro, segundo e terceiro ciclos. Atendendo às demandas impostas pelos processos de qualidade, as instituições de ensino superior são modernizadas, redefinindo a compreensão do que vem a ser formação graduada e pós-graduada. Apesar dos avanços significativos na implantação e na implementação das políticas em torno de Bolonha, as universidades portuguesas pesquisadas apresentam dificuldades no alinhamento pedagógico de suas estruturas curriculares, próprio de uma transformação pedagógica dessa magnitude. Ao mesmo tempo, os cursos pesquisados de Comunicação Social/Jornalismo têm redesenhado suas práticas em busca da aproximação com os resultados preconizados pelo Processo de Bolonha.

Francisco Gilson Rebouças Porto Junior


Fontes jornalísticas para uma história do futebol tocantinense

Para além da dimensão esportiva, o futebol se constitui como elemento fundamental da cultura brasileira. Sua ampla territorialização faz com que esteja presente mesmo em lugares que proporcionam poucas condições estruturais para sua prática profissional, como o Tocantins, tornando-se objeto principal da imprensa esportiva também nessas circunstâncias. Dentro de uma investigação mais ampla sobre a cobertura jornalística dos clubes locais, desenvolve-se nesse trabalho uma reflexão inicial sobre duas mídias dedicadas ao tema: o livro “Nos Tempos do Capotão”, de Núbio Brito, e o site Alôesporte, organizado por Reinaldo Cisterna, produtos jornalísticos que investem no discurso historiográfico, não apenas do futebol tocantinense, mas da sua relação com a comunicação de massa. Para tanto, utilizamos, além da observação exploratória dos veículos, a estratégia metodológica de entrevistas com os jornalistas que estimulem a autoavaliação de suas contribuições para a história do setor.

Joice Danielle Nascimento Pereira
Sérgio Ricardo Soares


A construção da mitificação de Silvio Santos pela revista Intervalo

A trajetória de Silvio Santos, o camelô filho de imigrantes que se tornou apresentador e posteriormente dono do seu próprio canal de televisão, se confunde com a história de septuagenária televisão brasileira. Trata-se de uma das biografias mais estudadas na história do entretenimento midiático no país (SILVA, 2000; MORGADO, 2017; STYCER, 2018; RICCO & VANUCCI, 2017). Apesar da conhecida resistência do apresentador em conceder entrevistas, há um expressivo material sobre a sua carreira documentado também pela imprensa nacional ao longo das décadas de sua trajetória pública como animador, empresário e até mesmo político. Tendo como referencial teórico principal o conceito de mito de Barthes (2001), este artigo objetiva identificar e analisar a construção da figura mítica de Silvio Santos no início de sua trajetória, a partir da Revista Intervalo, de 1969, publicada pela Editora Abril.

Lucas Rodrigues Félix
Luciana Miranda Costa


CHRONICAS POLICIAIS EM BELÉM: IMAGEM DO ESCRAVO NA IMPRENSA DO SÉCULO XIX

O processo de escravidão em Belém, como em todo o Brasil, atravessou em todos os sentidos a história social da capital paraense. Ao analisar à formação da sociedade local, percebe-se o quanto as políticas imperiais eram pensadas para a criação da imagem do escravo, construídas na concepção do positivismo europeu. Nesse viés, refletir a função social do jornal impresso no período do império brasileiro torna-se essencial, já que o veículo foi um grande meio de divulgação dos interesses da Coroa Portuguesa. Esse aspecto foi identificado em edições do final do século XIX, no jornal Diario do Gram-Pará, impresso pioneiro na capital paraense e que trazia uma representação do escravo em suas “chronicas policiais”. O objetivo deste trabalho é descrever a representação do escravo no periódico, a partir de uma perspectiva historiográfica e da comunicação, recorrendo também aos processos crimes existentes no acervo do Centro de Memória da Amazônia (CMA), na Vara Criminal, na qual possibilitou uma metodologia de cruzamento de fontes para uma melhor reflexão da representação do escravo nesse período, para além do perfil de “vadiagem” e “desordem” construído pelo Império do Brasil.

Ruan Souza dos Santos